A morte vem como um raio

Por Matheus Glória

Por volta dos meus 6 anos de idade eu era um garoto fascinado por desenhos animados (que logo depois fui aprender que alguns na verdade eram animes), mas eu era definitivamente louco por Pokémon. Um belo dia estava eu e minha prima Gislene vendo esse desenho maldito em um quarto onde tinha um varal pocado (não me pergunte o porquê).

Nesse dia o episódio continha uma cena em que o Pikachu era capturado pela equipe rocket e enforcado, mas logo o Pikachu solta um raio do trovão e roda o corpinho e de uma forma estranha consegue se livrar daquela corda se libertando do enforcamento. Logo que acaba essa cena eu e minha prima estávamos com os olhos brilhando e hipnotizados pelo desenho e em seguida vem em minha mente a seguinte ideia:

- Vou fazer igual o Pikachu

 Olhei ao redor e vi aquele varal pocado acima da cama, minha mente foi longe e sem explicação alguma, eu subi na cabeceira da cama, peguei o varal, e dei umas 4 voltas no pescoço e vários nós, pulei! Quando eu pulei fiquei sem ar e tentando soltar um raio e me perguntando: “cadê o raio?”, e foi ai que eu percebi, eu não consigo soltar nenhum raio! Quando percebi que minha prima estava hipnotizada com o maldito Pokémon dos infernos, fiquei batendo a cabeça na parede para ver se ela escutava e olhava pra mim, porém ela nem piscava, foi ai que ouvi minha mãe gritar lá da cozinha:

- Gisleeeeene, o que o Matheus está fazendo?

- Ele está brincando tia. – ela respondeu sem ao mesmo olhar pra mim

E eu morrendo... minha mãe grita de novo:

- Gisleeeeeeene, vê ai pra mim por favor.

Minha prima olhou pra mim (e eu vi nos olhos dela a expressão de eita porra), minha prima ficou desesperada saiu gritando.

- Tiaaa, o Matheus está morrendo.

Minha mãe veio com sangue nos olhos, me segurou e levantou meu corpo para eu conseguir respirar e falou pra minha prima chamar meu pai para cortar o varal. Nessa hora eu já estava batendo um papo com a morte, meu pai chega desesperado e corta o varal, de tão bem que fiz os nós no meu pescoço ele teve que desamarrar, senti até orgulho do meu nó.

Esse dia foi loco.