O dia em que me fodi
Por Marlon Rocha
Eu e meu colega chamado Davi costumávamos andar de bicicleta pelas ruas feito malucos. Minha bicicleta era vermelha e de passar marcha, a dele era uma verde, nós dois fazíamos muitas loucuras com aquelas bicicletas, caíamos e nos ralávamos, gostávamos de passar por uma rua onde morava uma menina chamada Amanda. Amanda era uma loirinha muito gata que estudava na mesma escola em que a gente. Fazíamos de tudo para chamar atenção dela. Mas ela, é claro, nem nos dava bola.
Uma vez ele nos disse
que podia pegar iogurte de graça no mercado. Então nós falamos:
- Nossa! Como ele consegue
pegar e colocar no bolso sem que ninguém veja?
Daí fomos com ele. No
primeiro dia ele pegou, eu estava com cinquenta centavos no bolso. Eu comprei,
na época vendia uns mini pacotinhos que custavam vinte-cinco centavos. - hoje
em dia com a inflação como está, acho melhor nem comentar o preço - Mas Carlos
saiu sem pagar, eu e Davi ficamos assustados, então Davi disse:
- Cara você tá maluco? Como
fez isso? Você roubou cara?
- Relaxa, eles têm muito.
Nem ligam pra isso, já fiz isso várias vezes - Carlos respondeu.
- Verdade, eles têm vários,
nem devem perceber, e se não viram é por que não tem câmeras lá – eu disse.
No dia seguinte, Davi e
eu estávamos andando de bicicleta pela rua, até que ele teve uma ideia:
- Marlon, vamos lá tomar
um iogurte?
- Vamos sim – eu
respondi todo feliz.
Ai fomos ao mercado,
Davi pegou um iogurte e colocou bem discretamente em seu bolso e saiu. Deu
certo, saímos rindo à toa. No outro dia, ele fez a mesma coisa. Porém, mais
ousado, ele pegou dois iogurtes.
No dia seguinte fomos mais
uma vez. Eu nunca pegava, pois tinha medo de ser apanhado, mas no quarto dia
ele falou:
- Agora é você que vai
pegar.
- Mas eu não sei fazer
isso - eu respondi.
- Cara, é bem simples, basta
colocar no bolso – Davi falou em seguida.
- Beleza, vamos lá então
– eu falei.
Nesse dia, uma moça do
caixa já estava desconfiando da gente, pois sempre ela nos via entrar e sair
sem comprar nada, e iriamos sempre na seção dos refrigerados. A gente achava
que já estava “manjado” do esquema de pegar iogurte. Porém, não percebemos o
óbvio: é claro que alguém notaria. A moça do caixa avisou ao segurança, então
nesse dia ele ficou próximo a seção dos iogurtes fazendo a ronda.
Do lado dos iogurtes
tinha um bebedouro, Davi e eu fomos para a seção dos iogurtes, eu não consegui
pegar, então ele pegou, me deu o iogurte e eu coloquei no bolso, quando estávamos
saindo, o segurança me puxou e disse:
- Ei, ei, ei! Pode parar
ai! cadê o iogurte?
- Que iogurte senhor? –
Eu perguntei assustado.
- Eu vi você pegando e
escondendo no bolso – nisso, todos do mercado já estavam em volta da gente nos
olhando.
Ai me bateu o desespero,
eu peguei o iogurte e tentei jogar ele de volta junto aos outros, mas ele caiu
em cima do bebedouro, então o segurança disse:
- Vou chamar os pais de
vocês!
Minha sorte é que
ninguém ali sabia quem eram eles, apesar de meu pai sempre fazer compras naquele
mercado. Daí ele falou:
- Não faço ideia de quem
são seus pais. Quer saber?! Vou chamar é a polícia!
Eu, como a maioria das
crianças, morria de medo da polícia. Então, comecei chorar, enquanto Davi
ficava de cabeça baixa, e eu dizia:
- POR FAVOR, POLÍCIA
NÃOO!!!
Daí, eu tentei correr,
então o segurança obviamente me segurou. Eu mordi a mão dele, ele deu um berro
de dor e todas as pessoas no mercado ficaram nos olhando. Eu consegui escapar
dele e sai correndo, usei a cabeça e não fui direto pra casa. Já era quase a
hora de ir pra escola.
Cheguei em casa e estava
tudo normal, respirei fundo e pensei: “Uffa!
Me livrei dessa”. Então perguntei a minha mãe:
- Mãe, cadê meu pai?
- Foi no mercado comprar
gás – ela respondeu – Vai lá ajudar ele.
Eu, como qualquer um em
minha situação fiquei com bastante medo, então pensei: “Ninguém sabe que ele é meu pai”.
Porém, (sempre tem um
porém) meu pai na hora em que foi pedir o “maldito
frete”, ele disse:
- Bom, leva ali pra mim,
é na casa do Marlon.
- Que Marlon? – Pergunto
o garoto do frete.
Então meu pai me
descreveu da seguinte maneira:
- O garoto que fica aqui
direto andando numa bicicleta vermelha.
O garoto tinha visto
toda a cena do mercado, e me conhecia, então ele disse:
- Ata... o Marlon que
roubou o mercado hoje mais cedo
- Roubou?! - Perguntou
meu pai espantado
- Sim, ele foi pego hoje
mais cedo.
Então meu pai foi falar
com os seguranças pra saber do acontecido. Eu que já estava indo para escola, e
pro meu azar encontrei meu pai no meio do caminho. - a escola era há menos de
cem metros de casa – Então meu pai disse aquela famosa frase que vocês devem
conhecer muito bem:
- Vamos para casa, quero
ter conversa com você. (Um conselho pra vocês: não caiam nessa, nunca é
conversa)
Eu apanhei muito, muito mesmo, só escrevendo
isso as lágrimas ainda saem dos meus olhos. Mas eu mereci, talvez do jeito que
as coisas estavam indo não se sabe onde eu ia parar, pois é assim que as coisas
começam.
Segundo Davi, ele foi
liberado pelos seguranças, também apanhou bastante. Depois disso, nossos pais
nos deixaram de castigo, e sem falar um com o outro, mas pelo menos aprendemos
a lição.
E esse foi um dos dias que eu me fodi...
kkkkkkkkkkk
ResponderExcluirkkkkkkk sifu kkk momentos da vida kk boa :p
ResponderExcluirkkkkk me fu mesmo kk apanhei bonito nesse dia :D
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